segunda-feira, 7 de abril de 2008

Tédio ou não, foi o primeiro espetáculo da aldeia global






Continuando...


Atenção: Este texto segue o enredo do filme Soldado Anônimo do diretor Sam Mendes, o mesmo de Beleza Americana .


Onde basicamente tudo começou... um pouco de historinha...


Há dezoito anos, em 1990... no deserto da Arábia Saudita existiu o primeiro conflito no golfo deflagrado pela invasão do Kuwait pelo Iraque de Saddam Hussein. E obviamente, foi o primeiro grande evento da aldeia global que o mundo inteiro assistiu sua preparação e dramatização da ação militar (no caso principalmente a americana) em tempo real contra o Iraque, depois de sua ocupação ao Kuwait.


Guerra do golfo * 1990 - + 1991


Será que uma guerra realmente nasce e morre?


E os conflitos humanos sempre irão se extender estupidamente para tecnologicamente trazer novas extensões tecnológicas para a humanidade?


Em seu filme, Sam Mendes , retrata a guerra sobre o prisma do tédio, segundo o ponto de vista do soldado Anthony Swofford, na trama dramatizado pelo ator JaKe Gyllenhaal (Brockeback Mountain). Filme de guerra americano é sempre a mesma coisa, sim eles são bons, e este remete muito ao filme Nascido Para Matar de Stanley Kubrick. Que apesar de tratar de outro conflito, o Vietnã, também mostra a violenta "preparação" americana na base militar antes da guerra. Só que no filme de Kubrick a pós-preparação é vista como realizada e na visão de Mendes (não confundam comigo..rsrs), a guerra nunca chega, e tudo vira um tédio absurdo. Em que soldados, sabendo de suas obrigações e deveres militares e foram "preparados" para isso, não tem nada a fazer ali em solo estrangeiro. Afinal o conflito não foi iniciado pelos EUA, o que é mais irônico e espetacular! Festinhas, bebidas, masturbações e afins é o que move os soldados para não morrerem de tédio. Chegam ao cúmulo de querer atirar (sem mesmo saber atirar) para fixarem em suas mentes que foram lá para isso.


Muito bem, isso foi uma pincelada do filme , assistam eu recomendo. Agora, como toda guerra é um evento do espetáculo, como a copa mundial futebolística. Não resta dúvidas que ela traz consigo a tecnologia. Em especial neste episódio da guerra, o mundo assistiu via TV, as propagandas do Tio Sam (não o diretor do filme!), todo seu ponto de vista, como os supostos e mentirosos, ataques cirúrgicos, ou seja, ataques sem danos a civis. O povo também assistiu no espetáculo circense de pão e circo, incríveis avanços da tecnologia em propagandas, como o caça invisível americano (só podia ser! ) F-117, que despistava o radar inimigo. Estou dizendo tudo isso, porque é retratado no filme, as vezes nem muito à vista, no entanto de forma peculiar. No extra do DVD tem até uma sequência que foi retirada do filme que mostra o depoimento, tipo em um documentário, em que cada soldado americano conta sua experiência de estar na guerra do golfo. Muito deles confessam de não estar entendendo absolutamente nada, se comportando como fantoches do seu país, mesmo que eles afirmam estar fazendo seus deveres. Quer dizer, este filme é muito engraçado, e mostra como a guerra lá no fundo não passa de um espetáculo ridículo e pior que filmes B. Ideologias: amor à bandeira, invasão territorial ou Capitalismo: política e mais política que eu canso de tentar entender e não consigo, enfim tudo isso não explica o suficiente o motivo de tantas mortes e sofrimentos. E porque que a tecnologia tem que se apropriar disto? Ela pode crescer por outros motivos , em outras formas de demostração. Não acham? Creio eu que, não são apenas os soldados que estão anônimos. A guerra também é anônima. Ela é uma desculpa assim como os soldados por estar ali, conflitando, destruindo, matando...para quê? Qual fundamento afinal? "Essa guerra não é nossa". Pode pensar um soldado, mas na verdade essa ou aquela guerra não é de ninguém. Só serve para entreter as pessoas , como numa arena de gladiadores. E além do que serve também para vender ingressos, para assistirmos Soldado Anônimo, de Sam Mendes, Nascido para Matar de Stanley Kubrick, Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, A Lista de Shindler , O Resgate do Soldado Ryan e Munique, de Steven Spielberg, Platoon, de Oliver Stone, A Ponte do Rio Kwai de David Lean, Além da Linha Vermelha, de Terrence Malick, Gritos do Silêncio, de Roland Joffé, Tempo de Glória , de Edward Zwick, Império do Sol, mais um de Spielberg e tantos outros motion pictures, a maioria americanos... e confesso: TODOS MUITO BONS.


Porque será que é tão divertido assistir a desgraça dos outros? Sempre tem que existir o bem e o mau nas estórias baseadas em histórias reais. O Rambo do Stallone está lá, metralhando o inimigo e salvando a aldeia. Era assim nas arenas de Roma, existia um Russell Crowe que dava ao povo seu heroísmo e beleza. Igual a um Superman, também era uma personagem de HQ!


A vida pode ser um tédio, mas a ficção não é...


continua...


Rodrigo Mendes


Fotos: Soldado Anônimo- 2005 (capa) arquivo pessoal

imagens guerra do golfo: http://www.klickeducacao.com.br/

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