segunda-feira, 14 de abril de 2008

Crítica da mídia como solução de conflitos

Nesta Era da Informação, litígios travam-se principalmente na esfera da comunicação – o que torna decisiva a batalha pela conquista dos corações e mentes nos campos adversários (independente de quem arrebanhou os louros da vitória).
Em países democráticos, ao contrário dos regimes autoritários, a disputa informativa vai além do mero confronto entre versões, sofisticou-se a contra-informação de tal forma que hoje inclui a avaliação dos emissores adversários.
Significa que a crítica da mídia hoje faz parte do arsenal daquilo que antes era designada como "guerra psicológica". A partir dos conflitos na ex-Iugoslávia (incluindo a guerra do Afeganistão, a Intifada-2 e a crise interna na Venezuela), a mídia, ela própria, tornou-se uma frente de batalha. E, por conseguinte, observada com os mais sofisticados recursos.
Hoje temos ONGs e instituições para-acadêmicas organizadas com a finalidade precípua de examinar a lisura da batalha midiática. Algumas buscam a neutralidade assumindo o desconforto de serem criticadas pelos contendores, outras usam a camuflagem da isenção para melhor servir aos seus interesses.
Ambas são bem-vindas. Vale o confronto. Os militantes "incorporados" à crítica ganham nos primeiros momentos e perdem na crise seguinte.
Forçar repetições é fazer o jogo das simplificações, mas como mero exercício referencial é possível encontrar traços do final do século 18 neste início do 21. Estamos num período algo parecido com o Iluminismo, violenta irrupção de saberes, conhecimento, informações e até preconceitos derrubando fronteiras nacionais e barreiras de classe, encurtando distâncias e arredondando diferenças.
A contracultura dos anos 1960/1970 materializou-se no conceito de contrapoder, cuja manifestação mais importante pode ser chamada de antimídia. Passeatas e quebra-quebras não representam o contrapoder, são meras exibições de voluntarismo. A crítica da mídia, esta sim, representa uma forma institucionalizada de oposição porque está focada (o uso do verbo é intencional) no mais importante vetor da atual conjuntura.
A observação da mídia não é apenas arma de guerra, ao contrário, é arma para garantir a paz. Entre nações e dentro das nações. Neste momento, a solução de conflitos passa obrigatoriamente pela implantação de um amplo processo de conscientização e monitoração capaz de desarmar as distorções informativas.
Quando examinamos o "jornalismo patrioteiro" americano convêm verificar se a imprensa francesa também não cerrou fileiras em torno da posição do seu governo. Não poderia ser chamada de patriótica (ou responsável) uma certa benignidade da nossa imprensa com relação ao governo Lula passados os ajustes dos primeiros 100 dias? Claro que sim. A idéia de que a imprensa legitima-se apenas quando faz barulho é fruto da noção de que a mídia é uma criatura e, não, um sistema polimórfico e livre.
A web (interface gráfica da internet) completa a sua primeira década de vida. Graças a ela viabilizou-se uma rede mundial de informações que mudou drasticamente a forma como o cidadão de hoje converte-se em homem do mundo.
Esta não é uma efeméride particular e isolada. É um conjunto de tendências que se tornam realidade.


É isso aí pessoal.
Fran

4 comentários:

Rodrigo Mendes disse...

Bem vinda Fran!

Vc não poderia ter criticado melhor a mídia. A aldeia global tem mesmo esse papel também.

Gostei da comparação ao Iluminismo, boa sacada!

Texto meio intelectuanóide, mas vc conseguiu esclarecer. Muito bom!

Márcio disse...

Quem vigia a mídia?
Eu pregunto e quero resposta!!!!

Márcio

Lucas Pazin disse...

A crítica a mídade deve vir seguida a uma atitude para mudá-la, contra, se for o caso. A comparação com o século 18 foi muito boa, realmente; a humanidade tende a sempre resgatar alguns conceitos dos antepassados.

Muito boa a mensagem que vocês estão passando aqui. Conheci através da Andreza. Valew por terem linkado o Jovens Mentes aqui, com esse diálogo entre pessoas conscientes e que tem visão parecidas, poderemos realmente chegar em algum lugar.

Fran Siebra disse...

Olá,
Estou aqui depois de alguns dias para apresentar algumas fontes qye surgiram após a experiência positiva do Observatório da Imprensa, nas quais ele chama de Media Watching. São elas: Canal da Imprensa; SOS Imprensa; Mídia e Política; Monitor de Mídia; NEMP; Análise de Mídia; Agência Unama e ANDI.
Vale a pena passar por eles diariamente.
Abs,
Francisca Siebra