O instinto selvagem do espetáculo Parte 2 : O pecado do espetáculo

Continuando...

e olhando agora para as saias e um pouco mais abaixo, da beleza de Marilyn Monroe e novamente para as pernas de Sharon...

...E falando novamente de espetáculo, percebi que pelos comentários do post anterior, as pessoas interpretaram as coisas no duplo sentido do que eu quis dizer. Bom, não os culpo, é evidente não interpretar por este lado, afinal espetáculo e com fotos como estas, remetem automaticamente a idéia "sexual" do que eu pretendi dizer anteriormente. Muito bem... eu não queria envocar apenas o sexo, claro que ele está envolto da idéia de espetáculo e ainda mais com fotos sensuais como no exemplo(afinal já esperava este trocadilho) , mas principalmente meu foco foi explicar como as imagens simbolizam qualquer coisa, e como tornam pessoas em objetos ( no caso destas moças, em objetos sexuais, mas também simbológicos). E porque simbológicos? Resposta: as imagens , na sua estrutura, e no conceito cultural, ou seja, pela época que foram mostradas e vendidas ao mundo, de certa forma tornaram-se símbolos, não apenas sexuais, mas para a carreira das atrizes, ou melhor, para a imagem delas!

Se tratando da foto à esquerda, O Pecado Mora ao lado, filme de 1959, saiu das mentes do cineasta Billy Wilder e dos roteiristas Robert Thoeren e Michael Logan. E nesta cena em que Marilyn é surpreendida pelo respiradouro do metrô na avenida Lexington , em Nova York (mas a cena foi rodada em estúdio), simplesmente não só foi, e ainda é, um produto do espetáculo, comercializado até hoje, e marcou a vida da atriz. Se a Sharon fez o mesmo ao cruzar as pernas em 1992, Marilyn conseguiu o mesmo feito espetacular à trinta e três anos, até aquele momento e ainda depois de quarenta e nove anos, a imagem de Marilyn ainda é lembrada. Afinal não é nossa culpa se nossos ancestrais criaram uma extensão capaz de armazenar nossa memória. De celuloide já passou a digital e não tem como não ter acesso a essas imagens fascinates do século passado. Mas este espetáculo além de selvagem, é o maior pecado, não para os receptores, mas para o objeto de desejo. Claro que Marilyn e Sharon, botaram seus ovinhos de ouro pela beleza das imagens, ou melhor por suas próprias belezas, no entanto, o pecado disto tudo é a selvageria da vida real. Diferente da ficção, na vida real , essas moças têm (para marilyn tinha), seus momentos ruins. Alguém já reconheceu a Marilyn sem maquiagens? Eu mesmo a imagino pouco sem aquele vestido.

Quer dizer, o poder do espetáculo contida em imagens como estas, aguça a nossa fantasia (não só sexual), mas de simularmos aquilo que não existe de fato. O real está bem distante do que foi e ainda são, o levantar do vestido de Marilyn e as cruzadas de pernas de Sharon. É pessoal, isto não foi real, foi feito para dois grandes filmes de sucessos e só. Mas como assim não é? Porque não podia ter acontecido realmente? Como eles ousaram isto? Que pecado...

Texto: Rodrigo Mendes

Fotos: O Pecado Mora ao lado, 1959 / Instinto Selvagem, 1992