quarta-feira, 26 de março de 2008

Modern Times e o rei da pantomima

Continuando...
Uma imagem não precisa apenas de som, bom o ruído, ainda mais hoje em dia, é muito eficaz, mas se tratando da imagem de um gênio, um excelente ator, compositor, cineasta, roteirista e de tudo que é híbrido no papel de se fazer um filme, esse detalhe do som falado, deixe de lado. Mélies, foi um mágico dos efeitos especiais, fazia seus espetáculos em imagens puramente fascinates, tudo isso antes da extensão disto, da tecnologia digital, no entanto, Charles Chaplin , ou o vagabundo, Carlitos, charlot, ou qualquer outro apelido que tivesse localmente em cada região, foi um mímico, o seus gestos diziam mais que mil palavras, fazia e ainda faz (está tudo gravado na extensão de nossas memórias), o público rir e chorar sem dizer uma só palavra. No começo do século XX, Chaplin exercitou seu talento corporal em diversos filmes da era muda cinematográfica. Mas o tempo foi seu inimigo, o ser humano teve necessidades de extender-se de diversas maneiras, e é claro que ele tinha planos futuros para a sétima arte, em que antes uma "diversãosinha de feira" , ganhou seu Status de arte ( e a sétima delas!). E aonde fica o carlitos no meio de tudo isso? Desta revolução, no crescimento da era mecânica? Bom... mas um gênio sempre tem um ás nas mangas. E em 1936, Chaplin nos presenteia com sua obra- prima(uma delas!), Tempos Modernos, Também estrelado por Paulette Goddard. Neste filme, carlitos, ( e mesmo Chaplin na vida real) , é apanhado de surpreza com o avanço das extensões humanas, sendo um funcionário que trabalha apertando parafusos o dia inteiro , um trabalho bitolado e cansativo e se vê logo substituído por uma máquina que iria acelerar o processo, e é claro, despedindo a mão de obra. Na estória , carlitos tem um surto, e acaba destruindo a fábrica inteira, fazendo muitas trapalhadas, aquelas gagues, que só Chaplin poderia fazer!
Muito bem... resumindo, é neste filme que carlitos fala pela primeira vez, na verdade ele canta uma bela canção. Foi estranho, mas ao mesmo tempo, fiquei conformado ao ver como Chaplin consegui contornar a situação, fazendo seu genial e para sempre único e eterno personagem, estigmatizado pelo espetáculo, abrir a boca! Um jeito esperto e genial de se "adequar" ao novo mundo, um mundo em que carlitos estava conhecendo. Para mim, este é o mais autêntico e autobiográfico filme de Chaplin. Aquele discurso parodiando Hitler , em O Grande Ditador, filme de 1940, em que ele fala realmente e não canta, foi interpretado por Chaplin e não pelo carlitos. eu mesmo me confundo, a impressão ao ver o ator remete automaticamente ao seu personagem. Não é para menos, uma imagem tão poderosa, entorpecente, em que mostra um trapalhão de chapéu coco, aquelas calças e sapatos de palhaço. Bem, tudo isso no tempo em que carlitos não falava, porque depois que ele falou, Chaplin tomou outros rumos, acompanhando e aprendendo até onde pode no processo tecnológico. Ele resistiu no começo, até se convencer ao contrário e de extender-se, converge-se totalmente em novos meios. No final fica claro que ele nunca foi um grande técnico, o que sabia mesmo era ser carlitos... e essa imagem eu não esqueço nunca!
Tudo indica que eu continuarei a postar....
Rodrigo Mendes


Foto: filme Tempos Modernos, 1936, tirada de arquivo pessoal.

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