quarta-feira, 21 de maio de 2008

Vaidade ou Extensão?




Conta-se a lenda que um jovem filho de um deus e uma ninfa, possuía uma beleza admirável. Possuidor desse atrativo, o jovem despreza o amor da ninfa Eco. No auge de sua futilidade e egoísmo, os deuses ficaram irados, e o castigaram. Narciso, o jovem de beleza estonteante fica perdidamente apaixonado por sua própria imagem refletida na água, totalmente maravilhado, sua intenção era tocar, abraçar aquele ser que via, aquela projeção de si mesmo, porém numa tentativa frustrada ele acaba por morrer afogado.
Sempre tive a visão de que esse mito se tratava de uma reflexão sobre atitudes humanas, estilo as fábulas que no final sempre tem uma lição de vida.
Mas esse ano na aula de Comunicação Comparada do Professor Márcio Rodrigo, esse conceito talvez tenha perdido a veracidade. Saberia Narciso que aquela imagem refletida na água se tratava de sua própria imagem?
Acho que não.
Narciso vem da palavra grega Narçosi, que significa entorpecimento.
Somos o espaço, e tudo que há no mundo é extensão do nosso corpo.
Os homens criam extensões segundo suas necessidades, ou não.
Quando percebe-se que andar descalço, pisar em galhos, em solo quente, sobre objetos cortantes, vão te machucar, sente-se a necessidade de fazer algo que "impeça" esse contato com seus pés, então cria-se um calçado que ajude nisso, porque há uma necessidade primeira, depois vem a questão da estética.
Quando percebe-se que é impossével sobreviver com as fortes mundaças de temperatura, que o organismo não suportará isso, usam peles de animais para suprir necessidades que a nossa pele não é capaz de suportar sozinha.
Derrepente em algum momento algo saiu do controle. Aquilo que era criado para necessidade não é mais para apenas isso, é artigo de luxo, que não deixa de ser uma extensão porque substitui algo de nosso corpo, mas as coisas perdem o foco central, e será que as pessoas se adaptam facilmente a isso, e conseguem viver sabendo que se trata de uma extensão do seu corpo?
Narciso não sabia que tratava-se de sua própria imagem refletida pelo espelho, pois nos fascinamos por qualquer extensão de nós mesmos, independente do material usado, mas que seja diferente de nós mesmos. Quando nos adaptamos a certas extensões, viramos um sistema fechado, ficamos entorpecidos por aquilo.
Aonde a sociedade perdeu o equilibrio eu não sei, não acredito que algum dia houve equilibrio, mas o fato é o seguinte, criação muitas vezes domina o criador. Se adaptar ao "novo mundo" é necessário, mas será que todos conseguem?
Nossas extensões podem nos enganar, ou melhor, ficamos tão deslumbrados com elas que nos deixamos enganar, e nos prendemos num mundinho, e muitos não conseguem acordar.
Narciso se encantou por sua extensão refletida no espelho, houve um deslumbramento, não importava o que falassem, ali ele estava, ali ele ficaria.
Século XXI, talvez agora não tenhamos mais Narcisos que se "apaixonam por si mesmo", e morrem afogados, mas temos algo bem semelhante, talvez as avessas, Anorexia.
Anorexia(Ana, como é carinhosamente chamada por pessoas que a têm) é um distúrbio alimentar que muitas vezes pode vir acompanhado por Bulimia(Mia), que talvez possa piorar a situação.
Pessoas que sofrem de anorexia simplesmente não comem, ou se comem é uma quantidade insignificante, por exemplo, um copo com água e uma barrinha de cereal. Há um uso excessivo de laxantes, fazem dieta de loucos, o objetivo é perder peso, custe o que custar em tempo recorde. Para que? Buscam o corpo perfeito. A doença afeta tanto psicologicamente que a pessoa que sofre disso pode estar magérrima, que ela se enxerga com uns 20 quilos acima do que está. Narciso morre por tentar "pegar" algo que lhe encantam, muitas meninas, e alguns meninos morrem por não conseguirem identificar o seu "eu", por não conseguir se ver como quer se ver, mais uma vez são "enganados" por suas próprias extensões.
A sociedade mostra algo ao mundo, e o entorpecimento é inevitável, uns conseguem se adaptar bem, outros acabam pirando na tentativa de conviver com isso.
As tecnologias avançam em fração de segundo. Celulares com mil e uma funções, causam espanto e fascínio, embora não saibamos mexer em um terço do que nos oferecem nos celulares, não deixamos de comprar.
Um exemplo disso é o padre que ficou perdido após voar com balões de gás e talvez as chances de encontrá-lo tenham sido menores porque o amado tinha um aparelho de localização chamado GPS, porém não sabia usá-lo.

Extensões são necessárias, ajudam muito em nossas vidas, mas também podem destruí-la!!


Adiós personas!!

Eu vou, eu vou, viajar agora eu vou...


P.S: algumas citações a respeito de Narciso, e extensões, foram tiradas dos textos de Comunicação Comparada do professor Márcio Rodrigo, e de explicações em classe.

Bjos!!

Um comentário:

Márcio disse...

O texto não é meu.. é de McLuhan!
"É que Narciso acha afeio o que..."